O uso de canabidiol (CBD) para pets está ganhando destaque no Brasil, com a regulamentação e a demanda crescendo rapidamente. Na ExpoCannabis Brasil, um evento anual em São Paulo, que em 2024 acontece de 15 a 17 de novembro, o futuro desse mercado emergente, que promete tratar diversas condições em animais de estimação, será amplamente discutido.
De acordo com a Kaya Mind, se o Brasil regulamentasse a cannabis para fins veterinários, o mercado poderia movimentar até R$ 1,45 bilhão, com uma arrecadação de até R$ 109,5 milhões em impostos. Além disso, cerca de 555 mil animais, incluindo 498.629 cães e 56.623 gatos, poderiam se beneficiar com esses tratamentos.
O CBD, derivado da cannabis, é conhecido por suas propriedades terapêuticas. Embora o uso recreativo ainda seja um tabu, sua aplicação medicinal, inclusive para pets, está em alta. Produtos como óleos, pomadas e rações enriquecidas com CBD já são usados em outros países e estão começando a chegar ao Brasil. Larissa Uchida, CEO da ExpoCannabis Brasil, destaca que a feira visa normalizar o uso da planta em várias áreas, inclusive na saúde dos pets. “Vamos trabalhar com o tema normalizando os múltiplos usos da planta”, diz Uchida. Ela complementa: “Tem desde shampoo, condicionador, creme hidratante, pomada para tratamento dermatológico, ração com cannabis. No mundo inteiro. O óleo, pomada, cremes, eles estão sendo prescritos por veterinários”.
Mas e a prescrição veterinária?
Apesar do crescente interesse, a prescrição de produtos à base de cannabis para pets no Brasil ainda enfrenta desafios. Não há uma regulamentação clara, o que deixa veterinários e tutores em uma posição complicada. “A prescrição veterinária no Brasil, ela não é proibida, mas ela não é regulamentada”, explica o veterinário Fábio Mercante de San Juan. Isso significa que, embora recomendada, a prescrição ainda carece de uma base legal, dificultando o acesso seguro aos produtos.
O processo de compra, porém, é simples. “O trâmite é muito simples, não tem burocracia: vem com uma receita e o relatório médico do veterinário, e vai conseguir comprar em alguma associação que tenha autorização para cultivo e produção, como a ABRACE, Apepi e entre outros ou até mesmo a Associação Brasileira de Petcannabis”, explica Fábio. No entanto, a importação direta por veterinários ainda não é permitida.
Mesmo sem regulamentação, o mercado de CBD para pets no Brasil está crescendo. A busca por tratamentos alternativos tem levado mais tutores a procurar produtos de cannabis para seus animais. “Se o mercado fosse regulamentado, com certeza milhares de pacientes iriam se beneficiar pelo acesso fácil”, diz Fábio, que também aponta a falta de informação como o maior obstáculo.
Pesquisas científicas têm sido cruciais nesse avanço. Estudos mostram que o sistema endocanabinoide, presente em animais e humanos, regula funções como sono, apetite e dor. Essa descoberta tem aberto portas para o uso do CBD em tratamentos veterinários, especialmente em casos onde tratamentos convencionais falham.
“O CBD pode ser usado em animais epiléticos, com dor, doenças imunológicas, câncer, déficit cognitivo, e até em animais agressivos”, diz o veterinário. Os resultados são especialmente promissores em tratamentos de câncer ou epilepsia. “A gente tem resultados muito bons mesmo.”
Além disso, a cannabis pode ser eficaz em problemas de pele, como dermatite atópica, que afeta muitos pets. Um estudo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) avalia o uso da cannabis no tratamento de dermatite atópica canina, mostrando que o óleo de cannabis é uma alternativa para tratar coceira, vermelhidão e descamação. “O segredo da dermatologia é que a cannabis regula toda a imunidade do animal e a proteção da pele”, explica o veterinário.
O mercado de cannabis para pets ainda tem um longo caminho pela frente, mas está ganhando força. Eventos como a ExpoCannabis Brasil são fundamentais para disseminar conhecimento e promover a troca de experiências entre profissionais. A programação inclui debates e conferências com especialistas do Brasil e do exterior, cobrindo temas desde saúde e pesquisa científica até regulamentação e sustentabilidade.
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RODRIGO TELMO LICO
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